sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Assaltos "Interlúdio", A aventura da Belo Jow

Eu e meus amigos sempre jogamos basquete no tempo vago, seja na escola ou fora dela. Porém, na época das férias de verão o ritmo aumenta.. Tudo é propício: O Sol de dia (que não nos deixa jogar até escurecer), a noite quente e, principalmente, a disponibilidade.


Essa noite era uma noite de verão como as outras, eu e meus amigos estávamos SECOS atrás de uma partida de basquete, mas já eram 22:00hrs.. Ahn, "foda-se" pensamos, "vamos jogar na Belo Jow, é verão" ! E lá fomos nós, nao lembro exatamente quantos estavam comigo, mas era gente o bastante pra jogar meia quadra, de boa.

A Belo Jow é uma praça em frente ao Criam da cidade, e a 100 metros de uma das favelas da cidade, logo percebe-se que não é uma praça muito bem situada, né ? Mas não ligávamos, era a única nas redondezas que tinha aro de basquete, então nós corríamos o risco mesmo.

Chegamos na Belo Jow por volta das 22:20 hrs, entramos na casinha da associação de moradores perto da praça, ascendemos as luzes da quadra e fomos jogar.

O jogo tava muito bom, todo mundo jogando pra valer, quando eu vejo passando do lado da quadra um moleque: Devia ter seus 17 anos, cara de mau e boné de aba reta. Ficou me encarando e eu o encarei de volta, sabe aquele lance de cachorros que se encaram até um desviar o olhar ? Então, foi assim.. E eu ganhei. Voltei a jogar me sentindo O tal.. Comentei com meu amigo, Philippe, mas ele não deu muita bola, acho que não me ouviu direito.

Algo me dizia que o "lance" não havia acabado.

Dez minutos depois volta o tal moleque com mais 2. Eu gelei, demorei uns 15 segundos pra pensar em algo pra falar pro pessoal que tava lá comigo.

Eles andaram na direção da casinha da associação. "Fudeu, vão apagar a luz e JÁ ERA". olhei pro lado, alguns amigos já tinham notado a movimentação estranha.. Fizemos o que todo grupo de atletas bem preparados fisicamente faria numa situação dessas: SAÍMOS CORRENDO. Sim, corremos. Corremos muuuito, só deu pra ver que os "elementos" estavam correndo também e gritando algo como "Para aí, rapidinho, a gente só quer conversar". Eles estavam nos seguindo! Viramos uma rua, duas e então percebemos que o caminho pra casa seria inviável, pois encontraríamos com eles, de frente! O que fazer ? "Vamos pra casa de alguém que more perto"!

O amigo que morava mais perto dali era o Bililiu, moleque gente finíssima.

Corremos por uns 4 minutos e chegamos:
-RAFAEEEEEUÔÔÔ !(Era o nome do Bililiu)
Nenhuma resposta.
-RAFAEUÔÔÔ, ABRE AQUIII !
Finalmente a mãe dele atendeu, explicamos a situação (todos juntos) e ela não entendeu nada, mas mesmo assim abriu o portão..
Quando entramos, encontramos o Bililiu com a cara amassada de sono, na escada com sua namorada e a mãe dele apreensiva na sala. Contamos a situação (dessa vez ordenadamente), Bililiu riu MUITO. Só aí fomos ver o quão engraçada era a situação !
Ficamos lá e tomamos água..

Depois disso o pai dele chegou meio alterado pelo alcóol, chamou todo mundo pra jogar na escolinha de futebol dele ( XD )!

Ninguém quis sair de lá a pé e só consideramos sair de carro 30 minutos depois de chegarmos, fomos embora de carro com o pai do Wander, outro amigo meu que tava lá, e nos dias que se seguiram ríamos absurdamente quando lembrávamos daquilo..

Hoje a Belo Jow tá sem aro de basquete, toda mijada e toda pixada.. Eu e meus amigos nem vamos mais lá..





Obrigado e lembrem-se, não pratiquem esportes em áreas de risco a noite !

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Assaltos Pt. I

Macaé é uma cidade que, como eu já citei em posts anteriores, sofreu um "Boom" por conta do petróleo que, como eu também já citei em posts anteriores, "é uma parada gosmenta, preta, fedorenta e que move a região e o Brasil", e com esse "Boom" vieram os assaltos.
Com o Boom econômico veio o populacional, como populacional veio a "desigualdade social ampliada" e com isso os assaltos.. Aqui os assaltantes não se parecem com esse aí em cima, eles são mais parecidos com esse aqui:
Caô, mas vocês imaginam como ele é, né ? Bem, vamos à história:

 Era domingo a tarde, Eu e mais cinco amigos andávamos pelo centro da cidade de Macaé, tentando chegar a um jogo do time de basquete da cidade quando, em frente ao Hortifruti, somos abordados pelo meliante:
-Coé, para aí galera..
Eu fiquei nervoso, estava com o celular que tinha ganho de presente no meu aniversário, era um Nokia 5200, novidade na época.
-Cês mora aonde ? - Perguntou o meliante com ar de poucos amigos.
respondemos: "Visconde".
-E lá é o que ? Comando ou A.D.A ?
respondemos: "Os dois", com medo de errar. ( XD )
-Coé, o que vocês tem aí? Manda o celular, relógio.. qualquer bagulho !
Eu fiquei ainda mais nervoso por que tinha percebido que ele tinha cicatrizes pelo rosto.. (Deve ter ganho em brigas envolvendo facas, álcool, prostitutas e um Pitbull cego.) Um dos meus amigos, DvD, é lutador e já ia dar uma voadora no melhor estilo Double Dragon quando o meliante mostrou "A Peça".
Era prateada, eu só vi um pedacinho, mas já foi o bastante pro meu sistema digestório me dizer que já era a hora dele de ir embora e querer sair do meu corpo, e quando ele disse "Ali na praça tem mais 3 parça do meu bonde, tudo de peça, se vacilar já era", meu sistema digestório desistiu de fazer as malas e resolveu partir sem nem se despedir, mas lembrou que o meliante estava lá fora, e resolveu ficar.
Todos estavam sem nada de valor, só eu. Eu estava com o celular, e como todo Idiota de marca maior, estava com os fones pendurados na gola da camisa.
- Coé desse fone aí, é de celular né ?
-Não, não.. quer dizer.. é.. - Dei o celular pra ele - Foi o meu falecido avô que me deu..
*
Caí no maior desenrolo, disse que meu avô me deu com o último dinheirinho que ele tinha e logo depois faleceu, meus olhos se encheram de lágrimas, usei todo o meu potencial "Global", fiz com que o meliante se emocionasse:
- Toma, cara.. você nao merece isso.. você é fechamento..
Depois disso, disse a ele que estudasse, mas disse isso com um tom amigável, para nao irritá-lo. Ele me ouviu, disse que iria tentar largar essa vida, ja tinha tentado, mas a badidagem sempre o puxava de volta. Meus amigos o chamaram pra ir ao jogo, hoje ele é apaixonado por basquete, assim como eu. Somos colegas até hoje.

*


Tá, tudo que estava entre os asteriscos verdes era mentira, ele levou meu celular mandando um papo de "Eu nao queria, mas se nao fizer os malucos que estão na praça me pegam.. por mim eu tava estudando, mano" e não acreditou na mentira que eu contei..
Ainda deu a dica de que tinha um outro bonde do outro lado da praça.. nem vimos o jogo..

Nunca mais tive um celular que preste, até porque sempre que eu tinha me roubavam ( ¬¬' ) mas isso é história pra outro Post.

Abraços e cuidado !  ;D

sábado, 20 de novembro de 2010

Minha visao de morte

"Morte, o óbito , falecimento ou passamento  são termos que podem referir-se tanto ao término da vida de um organismo como ao estado desse organismo depois do evento"

Eu poderia dissertar sobre o ponto de vista religioso/espiritual da morte, mas não..Vou falar simplesmente do sentido psicológico da morte, do meu ponto de vista.

No decorrer da minha vida pessoas morreram à minha volta e eu não me abalei. Até hoje só chorei uma vez, na primeira vez que alguém próximo faleceu.. E eu me sentia estranho até a minha pequena "epifania" de hoje.. Eu percebi o porque de eu não sentir quase nada com relação a isso.. lá vai:

A morte não é algo TÃO triste, é algo inevitável que deve ser compreendido como parte da vida. Se não houvesse a morte, não haveria vida, logo ela é necessária. Mais cedo ou mais tarde, todos nós vamos morrer, e eu não quero que chorem quando eu me for, só quero que saibam que eu me fui e que era minha hora. Sei lá, nunca morreu alguém REALMENTE próximo de mim, então eu não sei se eu simplesmente não gostava o bastante dessas pessoas que se foram, o quê eu duvido bastante, ou eu realmente entendo isso e ponto..

Desculpem-me por estar postando algo tão "mórbido" mas aconteceram coisas nesse sábado que me fizeram pensar sobre isso..

Abraços, o próximo post será mais "agradável"

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Estereotipar

Há pouco tempo um dos meus melhores amigos, Marcus Philippe, reclamou no Twitter sobre um comentário que eu fiz. Ele disse: "Não sei porque nego diz que eu pareço funkeiro... Será que é porque eu sou um negro magro que gosta de camisas com gola polo?"
Nao foi com esse intuito que eu comentei sobre isso, ou por esses motivos, mas de qualquer modo essa questão me fez pensar e querer dividir meus pensamentos com vocês.

"Estereótipo é a imagem preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação. São usados principalmente para definir e limitar pessoas ou grupo de pessoas na sociedade."

Eu poderia passar horas citando os conceitos sociais, psicológicos ou psicossociais que causam ou são causados pelo estereótipo, mas eu farei diferente, eu direi somente o que eu acho disso tudo.

Todo indivíduo tem características que o diferem dos outros, tornando-os assim indivíduos. Algumas características são compartilhadas por um grupo específico (tribo, etnia ou nacionalidade por exemplo) porém, essas características não determinam fatualmente o comportamento ou a índole de cada um.

Todos, eu digo com certeza, todos estereotipam as pessoas a sua volta, o cérebro humano funciona melhor com padrões, de maneira que padronizar grupos sociais torna mais fácil a interação, ou não, com essas pessoas e nos protege de determinadas situações. Então, já que é algo, de certo modo, útil.. porque parar ? A questão não está em classificar, está em estereotipar. Entendam a diferença: Classificar é colocar em grupos separados por algum critério. Estereotipar é criar um preconceito com relação àquilo.
Logo, quando você vê um rapaz "negro, magro que gosta de camisas com gola polo" pode até classifica-lo em sua cabeça como bem quiser (só não seja racista U.U), mas não deve NUNCA tentar prever algum ato. Mas é claro que se ele for suspeito nos seus padrões você irá se afastar com medo de alguma coisa..
Ao ver uma menina de 13 anos usando calças amarelas eu posso classifica-la como "fã de Restart", mas ela não é, necessariamente, fã dos caras.. ela pode ser fã do Cine.. ou pode simplesmente ter um gosto horrível "exótico".. do mesmo jeito que existem fãs do Restart, ou Cine, que não entram nesses parâmetros ! E essa classificaçao servirá caso eu tenha uma conversa com ela.. Eu já terei uma ideia dos gostos dela e do que eu devo, ou nao, dizer pra nao irritá-la (Ou irritá-la, caso convenha). Mas nao vou me afastar ou critica-la com base em especulações. Mas vou dizer que suas calças são horríveis

Sabe, escrevendo esse post, eu percebo o quão difícil é tratar desse assunto.. É realmente complicado dizer pra não estereotipar quando se vive num país onde assalto é algo normal, onde bandidos andam nas ruas, armados..

Mas a mensagem principal, a mensagem que eu quis passar é: Não julguem alguém sem conversar ou conhecer-la antes.