quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O mistério do viajante do tempo

Retirado do MELHOR blog que eu já li: "Mundo Gump"


Já imaginou como seria estranho se você se deparasse com uma foto sua em meio a um monte de fotos antigas, talvez, fotos de antes da segunda guerra mundial, de um tempo em que você nem sequer era nascido? O mais estranho de tudo é que você estaria simultaneamente olhando para um foto do futuro e do passado simultaneamente, né?

Ela seria uma foto do futuro na medida em que até aquele momento você não teria ainda descoberto como viajar no tempo, recuando ao passado para ser inadvertidamente -ou não – impresso numa chapa de celuloide antiga. E estaria no passado também, já que pra ser impresso numa foto de antes da guerra, seria preciso estar lá.

Eu estava pensando neste pequeno paradoxo enquanto mentalizava um ponto de partida bizarro o suficiente para um curta-metragem ou talvez mais que isso. Eu tenho esta estranha mania de ficar me procurando em fotos antigas com multidão, mesmo sabendo que algumas delas são do tempo que meu bisavô era menino. Mas isso não me impede de vasculhar detalhadamente cada um dos rostos nas multidões em busca de um susto.

Como tudo nesta vida, esta ideia se assemelha um pouco ao filme “Os doze macacos”. Ela surgiu há algum tempo, quando eu me deparei com um aparente mistério bizarro da internet. O mistério em questão chama-se o mistério do viajante do tempo, e não se trata de filme, roteiro, novela ou ficção. E é aí que está o bizarro.

Tudo começa com um museu e uma foto antiga. A foto em questão é intitulada “Reopening of the South Fork Bridge after flood in Nov. 1940″:




Seria só mais uma foto jornalistica antiga se não fosse por um pequeno detalhe: Há um cara nesta foto, que parece não se encaixar. Olha ele aqui:




Este cara está usando o que parece ser uma camiseta estampada moderna, com um casaco de lã que parece excessivamente moderno. O corte de cabelo dele não sembra os cortes da época, e os óculos são excessivamente modernosos. Sem falar no fato de que ele parece estar segurando uma câmera digital!

Logo que a discussão sobre a autenticidade do registro do viajante do tempo começou, não tardou para que fossem levantadas suspeitas sobre sua originalidade. Algumas pessoas questionaram se não se trataria de uma montagem, onde um cara atual foi inserido digitalmente na foto antiga.

Porém, através da técnica de análise forense de IEL (analise de nível de erro), parece que não há alterações digitais nesta imagem. Além disso, a foto em questão é parte de uma coleção bastante antiga.

Pesquisando sobre o caso, descobri no site do meu amigo Mori, uma outra boa indicação que não se trata de uma fraude deliberada é que o cara parece estar em uma outra foto, obtida de um ângulo totalmente diferente.





Esta foto pertence a coleção de John Wihksne , e seu título é : “Opening of the new (1940) bridge at South Fork”.

Dá pra ver o “viajante do tempo” na foto. Ele é este cara aqui:





O que é especialmente interessante nessas fotos é que o cara parece ser o único maluco modernoso na cidade. Olhei co0m cuidado em busca de alguém vestido de modo similar, mas todos parecem estar vestidos de forma muito formal.

Então creio que podemos partir da premissa de considerar a foto como sendo realmente autêntica, antiga e não editada digitalmente.

Este sujeito pareceria completamente normal no metrô de São Paulo, Nova York ou Paris dos dias atuais, mas em 1940?

Não tardou para que alguém suspeitasse que aquela era uma prova contundente de que a humanidade vai, em algum ponto do futuro próximo, desenvolver uma forma de viajar no tempo.

Embora eu não tenha uma boa justificativa para alegar que este cara é mesmo um viajante do tempo, eu acho bastante difícil que seja este o caso. Veja, não que eu não goste da ideia. Ela me parece irresistivelmente sensacional, mas vamos pensar friamente. A hipótese de a foto do suposto viajante do tempo ser apenas uma bizarra coincidência, não pode deixar de ser levada em consideração.

O que parece ser uma câmera digital moderna nas mãos dele, possivelmente poderia se tratar de uma câmera antiga. Talvez uma câmera modelo Zeiss Ikon, Icarette 551/2, ou uma Nagel, Librette 16, que foi lançada em 1930, e neste caso já seria uma maquina com dez anos de vida no dia da tal foto.

Os óculos realmente são estranhos. Não tenho uma boa justificativa para eles, além do fato de que o cara poderia ter comprado este acessório numa loja de equipamentos de alpinistas. Ele é similar a um modelo daquela época, usado para escaladas na neve. (isso explica as proteções laterais para o excesso de luz).

A camisa com o silk screen ainda é intrigante, mas se considerarmos que o silk screen é uma técnica extremamente antiga, ele realmente estaria vestindo-se estranhamente para os padrões tradicionalistas de 1940, mas não o suficiente para virar uma atração. Há também a (forte) possibilidade de que não seja um silkscreen, mas um símbolo bordado, provavelmente o logo da Universidade de Michigan.


A camisa parece com uma camisa usada em times de futebol universitário da época. Além disso, o corte de cabelo do cara, é compatível com o estilo de roupa que ele veste, mas não há nenhuma informação no corte de cabelo que diga que é atual ou mesmo antigo.


O casaco do cara, não aparenta ter botões, o que sugeriria se tratar de um casaco com zíper. Aí sim temos um pequeno problema, pois o zíper foi inventado em 1937, e nesta época, seria bastante incomum (mas acho que não impossível) que alguém já tivesse casacos com zíper.

Em todo caso, mesmo não se tratando de uma imagem que mostra um viajante do tempo, é curioso ver que em 1940 haviam pessoas que se vestiam com roupas que passariam despercebidas nas ruas das cidades modernas. Se perguntassem como seria a roupa de alguém do ano 2010 no dia que tiraram esta foto, eu tenho certeza que ninguém iria apontar para este cara.

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